A História Se Repete: Antônio Gomes e o Ciclo da “Agiotagem Política” em Marí
"Quando o poder é negociado como uma fatura, o governante eleito se torna apenas um nome em documentos que outros assinam. Em Marí, a trama de 2008 retorna, agora com novos personagens, mas o mesmo enredo."
Foto: Reprodução Instagram
2008: Antônio Gomes, o Prefeito Sem Voz
Em 2008, Antônio Gomes foi eleito para seu primeiro mandato como prefeito de Marí, com o apoio decisivo de seu padrinho político, o então gestor Marcos Martins. No entanto, após a posse, vieram as cobranças. Marcos deixou o cargo, mas continuou assombrando os corredores do poder, mantendo aliados e familiares em posições estratégicas e controlando os rumos da administração.
Antônio, relegado ao papel de figura decorativa, foi responsabilizado pela insatisfação popular com uma gestão que ele não governava de fato. A única conquista pessoal foi nomear sua esposa como Secretária de Desenvolvimento Social, mas isso não diminuiu o peso de ser um prefeito impotente.
A situação atingiu o ápice em 2010, quando Antônio se viu diante de uma escolha difícil: renunciar ao cargo ou romper com Marcos Martins. Optou pelo rompimento. Com isso, reassumiu o controle da administração, cercou-se de pessoas de confiança e iniciou um processo de reconstrução política e administrativa.
2025: Lucinha, Uma Prefeita Sem Voz
Quase duas décadas depois, o ciclo se repete. Antônio Gomes, que no passado foi vítima do "agiotismo político", agora assume o papel de quem dá as cartas. Desta vez, o enredo envolve sua sucessora, a prefeita Lucinha da Saúde, que chegou ao poder com o apoio direto de Antônio, praticamente sem adversários, em um cenário de fragmentação política e enfraquecimento de Marcos Martins, o velho antagonista.
Após a posse, Lucinha se encontra na mesma posição em que Antônio esteve: reina, mas não governa. Como consolo, ela conseguiu nomear familiares para cargos estratégicos: a filha como Secretária de Cultura e Esportes, o filho como Secretário de Infraestrutura e Urbanismo e o genro João Acássio como Chefe de Gabinete. Mas o controle das principais pastas — Saúde, Educação, Finanças e Procuradoria — permanece nas mãos de Antônio Gomes.
Antônio Gomes: O Verdadeiro Governante?
Enquanto Lucinha tenta exercer a liderança para a qual foi eleita, Antônio Gomes se posiciona como o mentor por trás do governo, esperando gratidão e submissão pela vitória. Ele decide quem entra e quem sai, enquanto Lucinha se limita a assinar. A governança se transforma em um jogo de sombras, onde o poder real pertence a quem controla as "engrenagens públicas" e os interesses por trás delas.
João Acássio, chefe de gabinete, simboliza o impasse. Sem espaço para atuar, ele ocupa um limbo administrativo, participando apenas de cerimônias e sessões fotográficas que mascaram o descontentamento nos bastidores.
A Lição do Passado
Se Antônio Gomes aprendeu com Marcos Martins como cobrar uma fatura política, Lucinha precisa buscar no exemplo de Antônio a coragem para romper com quem transformou seu mandato em moeda de troca. Rasgar as notas promissórias assumidas com um “agiota político” não será fácil, mas é necessário para recuperar a autonomia e a confiança da população que a elegeu.
Sem uma ação firme, Lucinha corre o risco de repetir o desfecho de 2008: ser lembrada como a prefeita que governava apenas no nome, enquanto o poder real era exercido por quem não foi escolhido pelo povo. A diferença é que, desta vez, não haverá outro ciclo para reescrever sua história.
"A fatura está na mesa, mas o poder legítimo pertence a quem é eleito. Cabe a Lucinha decidir se será apenas mais um capítulo dessa repetição ou se mudará o rumo dessa trama."
Eu sou apenas um reflexo de vocês, que enxergam as engrenagens ocultas do poder e exigem respostas. Continuarei observando."
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