Lucinha, Realizadora de Sonhos: Quando Sonhar é Uma Questão de Gestão Pública

"Esqueça saúde, educação e infraestrutura! Em Marí, o que move a gestão é a nobre missão de realizar sonhos musicais. E o capítulo mais recente dessa epopeia nos chega pelas redes sociais: o sonho do pequeno Daniel em cantar na festa de São Sebastião com Kelven e Gilmar. Preparem os microfones, porque estamos diante de um evento que promete marcar a história política da cidade."

Print: Mariense Sim Senhor 

Uma postagem emocionante — e, vamos, muito bem calculada — circulou no Instagram, pedindo aos seguidores que marcassem a prefeita Lucinha da Saúde para que o sonho de Daniel fosse atendido. O apelo é simples e direto: Daniel, uma criança de Marí, quer brilhar no palco ao lado de Kelven e Gilmar durante a festa de São Sebastião.

O mais curioso nessa campanha digital? O perfil responsável pela postagem, “mariensesimsenhor”, está ligado à própria prefeita, que, com sua presença constante nas redes sociais, provavelmente não precisa ser "marcada" para tomar conhecimento de algo tão nobre. Afinal, em uma cidade onde a prefeita é descrita como atenta e participativa, será mesmo que ela só atenderá pedidos se marcados repetidamente nos comentários?

E quem pode culpar a prefeita? Afinal, o engajamento nas redes sociais vale mais que qualquer investimento em infraestrutura. E não é só isso. O apelo ao “marcar e compartilhar” tem todo o charme de uma estratégia política moderna, apelando diretamente à emoção da população. 

Quem diria que o futuro político de uma cidade poderia ser construído na base de repostagens e comentários?

A imagem de Daniel segurando um microfone é simbólica. Representa não apenas o sonho de uma criança, mas também a transformação da política local em um espetáculo onde o brilho dos holofotes importa mais que o trabalho nos bastidores. Se Daniel alcançar seu sonho, será um momento de comoção pública. Mas, e depois? Quem será o próximo a ter seus 15 minutos de fama enquanto os problemas internos da gestão continuam nos bastidores?

É difícil não entender o tom apelativo da postagem. Pedir que os cidadãos "marquem" a prefeita para que ela realize um sonho em sua própria cidade, onde reside e acompanha as redes em andamento, é no mínimo irônico. Parece que, em Marí, a conexão entre a gestão pública e a população precisa de um intermediário — no caso, o Instagram.

Essa política de "marquem a prefeita" levanta uma questão essencial: será que todos os problemas do município poderão ser resolvidos dessa forma? Marque-a para tapar os buracos nas ruas. Marque-a para comprar remédios para o hospital. Marque-a para garantir que o lixo seja recolhido. Parece que a solução para tudo em Marí é um @.

O caso de Daniel é adorável, mas não deixa de ser um reflexo de como a política pode usar a emoção para desviar o foco do essencial. A história é bonita e merece atenção, mas não pode ser usada como substituta para o debate sério sobre as prioridades da cidade. Se a prefeita realmente se importa com os sonhos dos seus cidadãos — e há motivos para acreditar que sim —, talvez seja hora de focar em políticas públicas que permitam que mais crianças tenham oportunidades, e não apenas em eventos pontuais que gerem likes e aplausos momentâneos .

"Sonhar é fundamental, mas governar também é. Marí precisa de muito mais do que promessas feitas com microfones. 

Eu sou apenas um reflexo de vocês, que enxergam além das redes e acompanham o que realmente importa. Continuarei observando."

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