EDITORIAL | Lucinha precisa governar — a cidade pede uma nova equipe
A gestão da prefeita Lucinha da Saúde, em Mari (PB), acumula pouco mais de três meses à frente da administração municipal, mas já dá sinais de esgotamento — não por inexperiência, mas por ser a continuidade de um modelo que envelheceu politicamente. Lucinha foi vice-prefeita na gestão anterior, e boa parte do seu secretariado é herança direta desse mesmo ciclo. O que deveria ser uma nova etapa transformadora, com energia e ideias renovadas, tornou-se a repetição burocrática de velhas práticas, agora ainda mais desacreditadas.
A sensação de que falta comando é compartilhada por amplos setores da sociedade. A administração parece funcionar no automático, sem um norte claro, e com secretarias importantes atuando de forma morna, quando não inoperantes. É nesse cenário que se impõe a necessidade urgente de uma reforma administrativa — profunda, técnica e ética.
A Secretaria de Saúde, por exemplo, tem sido alvo constante de críticas. Um setor vital que exige agilidade, escuta sensível e capacidade de gestão — tudo o que tem faltado. No Desenvolvimento Econômico e Agrário, o discurso se mantém há mais de oito anos apenas na teoria, sem avanços práticos para o pequeno agricultor ou para a economia local. A Educação, por sua vez, parece ainda submissa a influências externas, de personagens que já ocuparam o posto e insistem em ditar rumos fora das vias institucionais. A autonomia e a inovação pedagógica ainda não chegaram.
A Cultura e os Esportes precisam de nomes que compreendam a importância simbólica e social dessas áreas. Cultura não é apenas ornamentação, e Esportes vai muito além de campeonatos de futebol. A cidade carece de uma política que envolva juventude, diversidade e inclusão. Já na Administração, é hora de substituir o marasmo por ação: a pasta exige alguém que não esteja ali apenas para “fazer volume”, mas que tenha compromisso real com a gestão pública.
No Transporte, é fundamental a presença de um gestor que combine humildade, sensibilidade e diálogo com a população das zonas urbana e rural. Um transporte que sirva à comunidade, e não aos interesses de gabinete. Por fim, a Comunicação institucional pede racionalidade e clareza. Ter cerca de 15 assessores não garante eficiência — pelo contrário, pode representar dispersão, vaidade e desorganização. Nesse campo, menos é mais: o essencial é comunicar com verdade, estratégia e unidade de discurso.
Lucinha da Saúde ainda tem tempo para corrigir os rumos e construir uma marca própria. Mas para isso é necessário romper com a lógica do apadrinhamento político e enfrentar, com coragem, as limitações de seu próprio grupo. A cidade não precisa de continuidade, precisa de competência.
Por fim, é hora de Lucinha abandonar o título carinhoso de “Mainha”, conquistado durante a campanha. A imagem da mãe afetuosa, que acolhe e cede por amor aos seus, pode servir em disputas eleitorais, mas não sustenta uma gestão pública que exige firmeza, decisões impopulares e capacidade de cortar na própria carne. Mãe perdoa, insiste, tolera. Gestora precisa agir, corrigir e, quando necessário, demitir. Mari precisa de uma prefeita — e não de uma figura maternal que hesita diante da incompetência.
A cidade clama por mudanças reais. O tempo da acomodação acabou.